Se você quer escrever livros de terror que agradem os fãs do gênero, você precisa incluir esses 10 itens.
Introdução
Se você não sabe, eu sou apaixonada por histórias de terror. Amo procurar filmes, livros, documentários… Enfim, tudo que envolve cenários macabros me atrai.
Eu também amo escrever histórias de terror. Hoje tenho um conto gratuito publicado na Revista Perpétua.
Por isso, acabo pesquisando muito sobre maneiras de escrever livros de terror que atraiam cada vez mais os leitores. E, durante meus estudos, acabei descobrindo 10 coisas que toda história de terror precisa ter (seja romance ou conto!).
E é sobre isso que vou falar neste post. Aqui você vai ver:
- O que faz uma história ser de terror;
- Porque as pessoas leem histórias de terror e;
- As 10 coisas que um bom livro de terror tem em sua estrutura e enredo.
Ou seja, é o conteúdo perfeito para quem quer se aventurar no mundo das histórias de terror.
Vamos começar?
O que faz sua história ser considerada de terror?
Você pode criar demônios, fantasmas, vampiros, lugares mal assombrados, serial killers, psicopatas e qualquer outro tipo de criatura que assuste.
No entanto, não são os monstros que fazem um livro ser de terror.
O que assusta em uma história de terror é saber que coisas ruins podem acontecer com qualquer um de nós. Não importa quão bom sejamos.
A ideia por trás do terror ou do horror é pegar uma pessoa comum, com uma vida comum, e fazê-la vivenciar os piores pesadelos possíveis. Ou você nunca tinha reparado que os protagonistas de histórias de terror são sempre pessoas comuns?
Uma família normal que se muda para uma casa assombrada. Uma garota gentil que é sequestrada pelo psicopata. O rapaz trabalhador que é abduzido.
São pessoas como eu e você que vivem situações tensas, geralmente em lugares isolados e claustrofóbicos, em uma narrativa que tende a levar nossos nervos ao extremo, como se estivéssemos vivendo tudo na pele do protagonista.
Além disso, histórias de terror podem ter qualquer tom ou estilo, podem se passar em qualquer tempo ou lugar, e até mesmo ter diversos níveis extras de romance, mistério, aventura ou magia. Pode haver diferentes sub plots no enredo, desde que tenha as doses certas de terror e que o protagonista continue lutando para sobreviver.
Por que as pessoas gostam tanto de histórias de terror?
Já percebeu que mesmo que algumas pessoas morram de medo, não conseguem parar de ler um livro ou assistir a um filme de terror?
Pois é. Existem diversas explicações psicológicas para esse fenômeno.
De modo geral, as pessoas leem livros de terror ou suspense para sentir adrenalina de estar em uma situação de vida ou morte sem realmente estar em uma situação de vida ou morte.
Isso porque querem ter a experiência de confrontar seus pesadelos, enfrentar seus maiores medos e combater monstros assustadores no conforto e segurança da sua casa.
Ao escolherem um livro ou filme de terror, as pessoas estão basicamente falando: “Ok, aqui está o meu dinheiro. Quero sentir medo, então dê o seu melhor”.
E, assim como em outros subgêneros da ficção, você como autor ou autora do livro, precisa entregar a emoção que as pessoas estão esperando – no caso: medo, ansiedade, aflição, etc.
Para entregar essa emoção, você precisa incluir 10 coisas básicas na sua narrativa.
10 coisas que toda história de terror precisa ter
Ao ler esses itens, talvez você ache tudo muito clichê. Porque é! Só que nesse caso, os clichês funcionam e até são esperados.
Quando você escreve uma casa mal assombrada, por exemplo, pode fazer seu protagonista ouvir passos em ambientes vazios, objetos caindo sozinhos ou relógios que param de funcionar. São itens que sabemos serem clichês, mas que são esperados e criam um ambiente assustador mesmo assim.
Claro que você pode sempre atualizar esse clichê, transformá-lo em algo original, com apenas alguns toques do que já é esperado. Mas, se você ainda não se sente confortável em levar o terror para um nível totalmente original, pode usar essas 10 coisas em seu enredo:
1. Monstro irracional
Você não consegue ser racional com o monstro do seu livro de terror. Nem sempre haverá um porquê ele ser mal ou fazer o que faz.
Em outras palavras, esse monstro funciona e tem pensamentos fora do espectro humano que estamos acostumados.
Por exemplo, no filme Alien a criatura sequer fala o mesmo idioma que os protagonistas. Como eles conseguiriam conversar de forma racional com ela?
O mesmo vale para histórias em que o personagem é possuído por uma entidade maligna. Geralmente não há explicação racional para o ato. O demônio simplesmente decidiu se apossar do corpo em questão e fazer alguma maldade com a pessoa ou com as pessoas que a cercam.
2. Monstro muito poderoso
A criatura que você criou deve ser poderosa. Muito poderosa. Tão poderosa a ponto de fazer o leitor acreditar que o protagonista não tem chances contra ela.
Lembre-se que seu protagonista é provavelmente uma pessoa comum, sem muitas habilidades especiais. E, mesmo que tenha alguma habilidade excepcional, o seu vilão deve ser três vezes mais forte.
Você tem que fazer seu protagonista lutar com afinco para poder vencê-lo.
3. Há um passado obscuro envolvido
Por via de regra, algo aconteceu no passado para desencadear a série de eventos no presente da história.
Pode ser algo que seu protagonista fez, tipo mexer com um tabuleiro Ouija. Pode ser algo relacionado ao seu monstro. De uma forma ou de outro, ações do passado fizeram a história chegar no ponto que você está escrevendo.
Não esqueça de explicar tudo que aconteceu no enredo! Isso ajudará o leitor a juntar as pontas e tudo fará mais sentido para ele.
4. O cenário é claustrofóbico
Você pode criar uma ambientação que pareça comum a primeira vista. Uma casa é um lugar comum. Um hospital é um lugar comum. Um campo aberto é um lugar comum.
No entanto, conforme a narrativa vai sendo desenvolvida, você transforma esse cenário em um lugar macabro e, principalmente, claustrofóbico.
O leitor deve ter a sensação de que o protagonista jamais irá conseguir escapar do lugar. E está literalmente em suas mãos fazer isso acontecer.
Escolha bem as palavras e as emoções que você quer passar conforme desenvolve o enredo.
5. Há risco de vida
Em histórias de terror, mais de uma vida (incluindo a do protagonista) está nas mãos do protagonista. Para isso, ele precisa combater – e vencer – o monstro.
De uma forma ou de outra, há chances de alguém morrer. Pode ser que alguém efetivamente morra. E isso torna a jornada do protagonista ainda mais assustadora.
6. O monstro permanece escondido o tanto quanto pode
Nunca conhecemos o monstro logo de cara. Perceba que em outros livros – mas principalmente em filmes – há a construção do cenário primeiro. Há momentos de tensão, de medo.
Só do meio para o final é que sabemos quem é o verdadeiro monstro.
Afinal, o desconhecido dá muito mais medo. Se você não sabe o que te espreita, não tem como combater a coisa. Por isso, crie primeiro um cenário de terror sem mostrar quem está por trás de tudo.
Faça o seu leitor tentar adivinhar o que irá acontecer.
7. Amigos que são inimigos
Outra coisa muito comum em histórias de terror é descobrir que as pessoas que achávamos serem amigas do protagonistas são, na verdade, inimigas.
Muitas vezes são personagens secundários que parecem amáveis, que estão ao lado do protagonista para o que ele precisa. De repente, se revelam estar ajudando o monstro ou serem o próprio monstro.
Incluir personagens assim na sua narrativa é uma boa maneira de construir reviravoltas que atrapalhem o protagonista e surpreendam seu leitor.
8. Pouco tempo
Em histórias de terror geralmente vemos uma situação de “o tempo está passando”. Isso significa que o protagonista possui uma data limite para combater o monstro, senão será morto.
Colocar uma data limite próxima aos eventos atuais da história também garante mais emoção. O leitor sabe que o protagonista tem pouco tempo para atingir o seu objetivo e permanece com a dúvida: “será que ele irá conseguir?”
9. Conte como o monstro é poderoso
O protagonista precisa saber que o monstro é poderoso. E ele precisa receber essa informação de fontes confiáveis.
Como? Existe inúmeras formas de incluir essa informação no enredo sem parecer forçada. Pode ser:
- Por uma conversa com um especialista;
- Através de uma notícia na TV, jornal ou internet;
- Pela leitura de um livro;
- Por uma visão ou premonição.
Ou qualquer outra forma que você encontrar e que faça sentido para a sua narrativa.
Mas é sempre importante colocar uma cena de “revelação” da força do monstro para criar ainda mais tensão e fazer o seu leitor se perguntar como o protagonista vai sair dessa.
10. Final falso
Uma coisa muito comum em histórias de terror é acharmos que o livro ou filme terminou de certa forma, só para sermos surpreendidos pelo final oficial.
Você pode criar um final falso onde tudo dá certo, só para depois mostrar que, na verdade, ainda há um último desafio para o protagonista enfrentar.
Ou pode ser ao contrário: criar um final em que tudo parece perdido, só para o protagonista se safar no último minuto.
De uma forma ou de outro, criar um final falso manterá o seu leitor vidrado na história até chegar na última página do livro.
Espero que esse post te ajude a estruturar sua história de terror da melhor maneira possível. Eu sei que as dicas facilitaram muito a minha vida.
Se quiser entrar de cabeça no meu mundo do terror, clique aqui e ouça o podcast Vigília Noturna.
Um grande abraço,
Julia
Esse post foi originalmente publicado no blog Savannah Gilbo. Eu simplesmente traduzi e adaptei os conteúdos para o meu blog.
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