Você gosta de histórias de terror? A psicologia explica o porquê

A psicologia explica porque nós gostamos de histórias de terror.

Introdução

Você já se perguntou por que gosta ou por que existem pessoas que amam assistir filmes de terror, mesmo morrendo de medo? A psicologia explica isso.

Há algumas razões comprovadas que explicam porque gostamos de histórias, filmes, séries e livros que nos fazem sentir medo. E é sobre isso que vou falar neste post.

Aqui você vai encontrar:

  • Qual a base de uma história de terror;
  • Motivos que nos fazem consumir uma história de terror e;
  • 7 teorias da psicologia para explicar porque gostamos tanto de consumir esse tipo de conteúdo.

Pode ser que você goste mais de casos de serial killers. Ou seja do tipo que prefira casas mal assombradas. De uma forma ou de outra, qualquer que seja o estilo de terror que você prefira consumir, há explicações para isso.

Vamos começar?

A estrutura de uma história de terror

A psicologia explica porque gostamos de uma história de terror com base na estrutura que permeia essa produção, que possui:

1. Tensão

Uma história de terror é construída a partir da tensão gerada pelo mistério, o suspense comum ao gênero e sustos e/ou cenas que causam nojo no expectador.

2. Relevância

A história passa um conteúdo relevante para a audiência. E aí é importante entender qual a sua audiência. Como falei lá em cima, existem pessoas que preferem casos mais sangrentos, outras que gostam mais do terror sobrenatural. De uma forma ou de outra, o conteúdo que você compartilhar dever ter a ver com o que sua audiência busca.

3. Cenas irreais

Nós sabemos que a situação da história é tudo faz de conta, mesmo quando é baseada em fatos. E o fato de ser algo fora da nossa realidade torna tudo ainda mais atrativo.

Ou seja, só esses três atributos já seriam o suficiente para prender a nossa atenção em um filme ou livro de terror.

Logo vou falar sobre as explicações psicológicas para essa reação, mas antes gostaria de explicar os diferentes motivos que nos fazem de histórias de terror que existem

Os 4 motivos pelos quais consumimos histórias de terror

De maneira geral, há 4 motivos maiores para consumirmos qualquer tipo de história de terror segundo a psicologia:

1. Gore

Esse é o típico terror sangrento. Ou seja, possui cenas muito gráficas de sangue e violência pesada.

O gore é um tipo de terror buscado muito pelas pessoas que procuram sentir algum tipo de emoção – e aí essa emoção varia de pessoa para pessoa. No entanto, mostra que os níveis de empatia do consumidor pelas vítimas são baixos

Estudos revelam que a maioria dos espectadores do sexo masculino sentem mais identificação com o vilão, ou seja, com a pessoa que está matando e/ou torturando a outra, quando consomem histórias desse tipo.

2. Thriller

Thriller vem da palavra thrill, que significa emoção em inglês. É mais uma emoção voltada para a adrenalina e o suspense, no entanto.

Esse tipo de história não é tão gráfica e não precisa, necessariamente, ter mortes sangrentas e bem descritivas. Uma história sobrenatural em que um fantasma só assusta o protagonista, mas não o mata, pode ser considerado um thriller, por exemplo.

O importante nessa história é evocar uma emoção forte no espectador. Pode ser aquela ansiedade de ver o protagonista livre do vilão. O medo de saber que tem alguém atrás do mocinho. Enfim, é o frio na barriga que a gente sente nesses casos.

Esse também é um tipo de história que gera mais empatia e conexão do espectador com a vítima. A maioria de nós deseja que a vítima escape, basicamente.

3. Independente

Não estou falando do gênero de terror dessa vez, mas sim da forma como o espectador consome uma história de terror.

Quando alguém decide assistir a um filme com temas muito traumáticos, por exemplo, é porque está tentando superar algum medo interno. Quando isso acontece, a psicologia chama esse motivo de independente.

É como se a pessoa precisasse sentir empatia consumindo algo que tem muito medo para poder, finalmente, se ver livre desse medo. E aí pode ser qualquer tipo ou estilo de história de terror existente.

4. Problema

Outro motivo que não depende do estilo do terror, mas sim da pessoa que está consumindo, é o problema.

Sabe quando estamos tristes e colocamos músicas tristes para nos deixar ainda mais pra baixo? Então, é basicamente essa mesma lógica que funciona no “consumir-problema”.

É como se uma pessoa que está se sentindo muito mal colocasse um filme de terror para se sentir pior. Ela quer essa sensação de desamparo, o que parece estranho.

Ao mesmo tempo que essas pessoas buscam aumentar seus níveis de empatia – porque elas ficam tristes pelas coisas ruins que o protagonista está passando -, também querem se sentir mal por toda a situação.

Parece meio esquisito que a gente tenha motivos além do puro entretenimento para consumir histórias de terror, mas é a realidade. Fica claro que ninguém faz as coisas só por fazer. Há sempre algo oculto dentro de si que permeia a pessoa.

7 teorias da psicologia: as explicações do porquê gostamos tanto de histórias de terror

Agora que você já entendeu a base de uma história de terror, os motivos que nos levam a consumir conteúdos desse tipo, chegou a hora de falar que a psicologia explica porque nós gostamos tanto de história de terror.

São 8 teorias gerais sobre o porquê muitas vezes continuamos consumindo histórias macabras, mesmo morrendo de medo:

1. Psicanalítica

Gostamos de consumir esse tipo de conteúdo porque algo em nosso ID primitivo é acionado. Como geralmente esse ID é suprimido pelo ego civilizado, filmes e livros de terror são uma válvula de escape.

2. Catártica

Gosto de explicar isso usando como exemplo a série The Purge, da Amazon Prime Video. Vou contar a premissa da série, caso você não tenha assistido:

Basicamente, uma vez por ano, o governo libera que as pessoas cometam todo e qualquer tipo de crime hediondo na cidade. Eles alegam que isso diminui a taxa de criminalidade nos outros dias do ano, pois as pessoas terão uma noite para colocar para fora todos os sentimentos negativos que possuem dentro de si.

A teoria catártica funciona assim também. Ao que parece, algumas pessoas consomem histórias de terror para liberar as emoções negativas que estão presas dentro de si, causando até um efeito relaxante após isso.

3. Transferência

É possível sentir todo o tipo de emoção ruim ao consumir conteúdos macabros, porém elas vão embora e são suprimidas por uma sensação de felicidade quando o herói da história vence. Portanto, algumas pessoas gostam de histórias de terror justamente para ficarem felizes quando tudo acaba bem.

4. Curiosidade e fascinação

Muitas pessoas gostam de histórias de terror por pura curiosidade e fascinação com o que não é real ou com o que não acontece na sua vida real.

5. Teoria do alinhamento

Em uma história de terror, geralmente o vilão, seja qual for, é derrotado. Quando isso acontece, gera uma sensação de satisfação em alguns espectadores, pois eles gostam de ver pessoas que merecem (em sua concepção) serem punidas pelos seus atos.

6. Busca por emoção

Lembra que expliquei sobre o thriller, que é um motivo forte para fazer alguém consumir uma história de terror? Pois bem, esse motivo está alinhado a essa teoria.

Basicamente, é a mesma que explica porque algumas pessoas amam andar de montanha-russa. Ou seja, histórias de terror podem liberar adrenalina, bem como situações de medo. Sendo assim, tem gente que consome esse tipo de conteúdo justamente para, por falta de expressão melhor, “se sentir vivo”.

7. Reflexões da sociedade

Há pessoas que gostam de consumir histórias de terror justamente por refletirem a sociedade de uma maneira mais dramática. É como se estivesse reforçando todos os problemas da sociedade em que vivemos em sua cabeça quando consome histórias de terror.


E aí, agora tudo faz sentido? É legal a gente entender isso não só como consumidores, mas também como escritores de histórias de terror. Quem sabe você não coloca algo que atraia ainda mais os leitores?

Espero que tenha gostado do post!

Um grande abraço,

Julia

10 coisas que toda história de terror precisa ter (seja romance ou conto!)

Se você quer escrever livros de terror que agradem os fãs do gênero, você precisa incluir esses 10 itens.

Introdução

Se você não sabe, eu sou apaixonada por histórias de terror. Amo procurar filmes, livros, documentários… Enfim, tudo que envolve cenários macabros me atrai.

Eu também amo escrever histórias de terror. Hoje tenho um conto gratuito publicado na Revista Perpétua.

Por isso, acabo pesquisando muito sobre maneiras de escrever livros de terror que atraiam cada vez mais os leitores. E, durante meus estudos, acabei descobrindo 10 coisas que toda história de terror precisa ter (seja romance ou conto!).

E é sobre isso que vou falar neste post. Aqui você vai ver:

  • O que faz uma história ser de terror;
  • Porque as pessoas leem histórias de terror e;
  • As 10 coisas que um bom livro de terror tem em sua estrutura e enredo.

Ou seja, é o conteúdo perfeito para quem quer se aventurar no mundo das histórias de terror.

Vamos começar?

O que faz sua história ser considerada de terror?

Você pode criar demônios, fantasmas, vampiros, lugares mal assombrados, serial killers, psicopatas e qualquer outro tipo de criatura que assuste.

No entanto, não são os monstros que fazem um livro ser de terror.

O que assusta em uma história de terror é saber que coisas ruins podem acontecer com qualquer um de nós. Não importa quão bom sejamos.

A ideia por trás do terror ou do horror é pegar uma pessoa comum, com uma vida comum, e fazê-la vivenciar os piores pesadelos possíveis. Ou você nunca tinha reparado que os protagonistas de histórias de terror são sempre pessoas comuns?

Uma família normal que se muda para uma casa assombrada. Uma garota gentil que é sequestrada pelo psicopata. O rapaz trabalhador que é abduzido.

São pessoas como eu e você que vivem situações tensas, geralmente em lugares isolados e claustrofóbicos, em uma narrativa que tende a levar nossos nervos ao extremo, como se estivéssemos vivendo tudo na pele do protagonista.

Além disso, histórias de terror podem ter qualquer tom ou estilo, podem se passar em qualquer tempo ou lugar, e até mesmo ter diversos níveis extras de romance, mistério, aventura ou magia. Pode haver diferentes sub plots no enredo, desde que tenha as doses certas de terror e que o protagonista continue lutando para sobreviver.

Por que as pessoas gostam tanto de histórias de terror?

Já percebeu que mesmo que algumas pessoas morram de medo, não conseguem parar de ler um livro ou assistir a um filme de terror?

Pois é. Existem diversas explicações psicológicas para esse fenômeno.

De modo geral, as pessoas leem livros de terror ou suspense para sentir adrenalina de estar em uma situação de vida ou morte sem realmente estar em uma situação de vida ou morte.

Isso porque querem ter a experiência de confrontar seus pesadelos, enfrentar seus maiores medos e combater monstros assustadores no conforto e segurança da sua casa.

Ao escolherem um livro ou filme de terror, as pessoas estão basicamente falando: “Ok, aqui está o meu dinheiro. Quero sentir medo, então dê o seu melhor”.

E, assim como em outros subgêneros da ficção, você como autor ou autora do livro, precisa entregar a emoção que as pessoas estão esperando – no caso: medo, ansiedade, aflição, etc.

Para entregar essa emoção, você precisa incluir 10 coisas básicas na sua narrativa.

10 coisas que toda história de terror precisa ter

Ao ler esses itens, talvez você ache tudo muito clichê. Porque é! Só que nesse caso, os clichês funcionam e até são esperados.

Quando você escreve uma casa mal assombrada, por exemplo, pode fazer seu protagonista ouvir passos em ambientes vazios, objetos caindo sozinhos ou relógios que param de funcionar. São itens que sabemos serem clichês, mas que são esperados e criam um ambiente assustador mesmo assim.

Claro que você pode sempre atualizar esse clichê, transformá-lo em algo original, com apenas alguns toques do que já é esperado. Mas, se você ainda não se sente confortável em levar o terror para um nível totalmente original, pode usar essas 10 coisas em seu enredo:

1. Monstro irracional

Você não consegue ser racional com o monstro do seu livro de terror. Nem sempre haverá um porquê ele ser mal ou fazer o que faz.

Em outras palavras, esse monstro funciona e tem pensamentos fora do espectro humano que estamos acostumados.

Por exemplo, no filme Alien a criatura sequer fala o mesmo idioma que os protagonistas. Como eles conseguiriam conversar de forma racional com ela?

O mesmo vale para histórias em que o personagem é possuído por uma entidade maligna. Geralmente não há explicação racional para o ato. O demônio simplesmente decidiu se apossar do corpo em questão e fazer alguma maldade com a pessoa ou com as pessoas que a cercam.

2. Monstro muito poderoso

A criatura que você criou deve ser poderosa. Muito poderosa. Tão poderosa a ponto de fazer o leitor acreditar que o protagonista não tem chances contra ela.

Lembre-se que seu protagonista é provavelmente uma pessoa comum, sem muitas habilidades especiais. E, mesmo que tenha alguma habilidade excepcional, o seu vilão deve ser três vezes mais forte.

Você tem que fazer seu protagonista lutar com afinco para poder vencê-lo.

3. Há um passado obscuro envolvido

Por via de regra, algo aconteceu no passado para desencadear a série de eventos no presente da história.

Pode ser algo que seu protagonista fez, tipo mexer com um tabuleiro Ouija. Pode ser algo relacionado ao seu monstro. De uma forma ou de outro, ações do passado fizeram a história chegar no ponto que você está escrevendo.

Não esqueça de explicar tudo que aconteceu no enredo! Isso ajudará o leitor a juntar as pontas e tudo fará mais sentido para ele.

4. O cenário é claustrofóbico

Você pode criar uma ambientação que pareça comum a primeira vista. Uma casa é um lugar comum. Um hospital é um lugar comum. Um campo aberto é um lugar comum.

No entanto, conforme a narrativa vai sendo desenvolvida, você transforma esse cenário em um lugar macabro e, principalmente, claustrofóbico.

O leitor deve ter a sensação de que o protagonista jamais irá conseguir escapar do lugar. E está literalmente em suas mãos fazer isso acontecer.

Escolha bem as palavras e as emoções que você quer passar conforme desenvolve o enredo.

5. Há risco de vida

Em histórias de terror, mais de uma vida (incluindo a do protagonista) está nas mãos do protagonista. Para isso, ele precisa combater – e vencer – o monstro.

De uma forma ou de outra, há chances de alguém morrer. Pode ser que alguém efetivamente morra. E isso torna a jornada do protagonista ainda mais assustadora.

6. O monstro permanece escondido o tanto quanto pode

Nunca conhecemos o monstro logo de cara. Perceba que em outros livros – mas principalmente em filmes – há a construção do cenário primeiro. Há momentos de tensão, de medo.

Só do meio para o final é que sabemos quem é o verdadeiro monstro.

Afinal, o desconhecido dá muito mais medo. Se você não sabe o que te espreita, não tem como combater a coisa. Por isso, crie primeiro um cenário de terror sem mostrar quem está por trás de tudo.

Faça o seu leitor tentar adivinhar o que irá acontecer.

7. Amigos que são inimigos

Outra coisa muito comum em histórias de terror é descobrir que as pessoas que achávamos serem amigas do protagonistas são, na verdade, inimigas.

Muitas vezes são personagens secundários que parecem amáveis, que estão ao lado do protagonista para o que ele precisa. De repente, se revelam estar ajudando o monstro ou serem o próprio monstro.

Incluir personagens assim na sua narrativa é uma boa maneira de construir reviravoltas que atrapalhem o protagonista e surpreendam seu leitor.

8. Pouco tempo

Em histórias de terror geralmente vemos uma situação de “o tempo está passando”. Isso significa que o protagonista possui uma data limite para combater o monstro, senão será morto.

Colocar uma data limite próxima aos eventos atuais da história também garante mais emoção. O leitor sabe que o protagonista tem pouco tempo para atingir o seu objetivo e permanece com a dúvida: “será que ele irá conseguir?”

9. Conte como o monstro é poderoso

O protagonista precisa saber que o monstro é poderoso. E ele precisa receber essa informação de fontes confiáveis.

Como? Existe inúmeras formas de incluir essa informação no enredo sem parecer forçada. Pode ser:

  • Por uma conversa com um especialista;
  • Através de uma notícia na TV, jornal ou internet;
  • Pela leitura de um livro;
  • Por uma visão ou premonição.

Ou qualquer outra forma que você encontrar e que faça sentido para a sua narrativa.

Mas é sempre importante colocar uma cena de “revelação” da força do monstro para criar ainda mais tensão e fazer o seu leitor se perguntar como o protagonista vai sair dessa.

10. Final falso

Uma coisa muito comum em histórias de terror é acharmos que o livro ou filme terminou de certa forma, só para sermos surpreendidos pelo final oficial.

Você pode criar um final falso onde tudo dá certo, só para depois mostrar que, na verdade, ainda há um último desafio para o protagonista enfrentar.

Ou pode ser ao contrário: criar um final em que tudo parece perdido, só para o protagonista se safar no último minuto.

De uma forma ou de outro, criar um final falso manterá o seu leitor vidrado na história até chegar na última página do livro.


Espero que esse post te ajude a estruturar sua história de terror da melhor maneira possível. Eu sei que as dicas facilitaram muito a minha vida.

Se quiser entrar de cabeça no meu mundo do terror, clique aqui e ouça o podcast Vigília Noturna.

Um grande abraço,

Julia

Esse post foi originalmente publicado no blog Savannah Gilbo. Eu simplesmente traduzi e adaptei os conteúdos para o meu blog.

Micro conto – Facada

Ela não se mexeu quando a porta do seu quarto se abriu.

Não ouviu os passos que se aproximaram da sua cama.

E só abriu os olhos quando levou a primeira facada.

Julia Rietjens


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